Passou o Carnaval,
acabou o horário de verão, daqui ao fim do ano é um pulo. O
calendário passará ainda mais rápido porque é ano de eleições
municipais. O mercado publicitário já se mobiliza desde o fim do
ano passado para captar clientes e realizar suas campanhas políticas.
De arrasto vem o mercado da música, responsável pelos jingles –
as famosas musiquinhas que ajudam a fixar na memória os nomes
daqueles que poderão (ou não) estar no nosso foco na hora de
apertar os botões da urna.
Os estúdios e
produtoras musicais estão por aí a inventar soluções para chamar
a atenção dos eleitores. Preparem as kombis com suas horrendas
cornetas de som, pois os jingles vêm aí. O recurso da “musiquinha
que vende” existe no mundo desde 1926 – no Brasil, desde 1932. A
fórmula do sucesso é conhecida: letra fácil, com um bom refrão,
harmonia simples, melodia econômica, tudo se desenvolvendo em um
ritmo que faça não só o corpo, mas também as idéias “dançarem”
na cabeça de quem escuta. A música como um conceito “cantável”,
o discurso do candidato materializado no som, prontamente
identificado pelo ouvinte.
A criatividade de
marqueteiros e produtores musicais atinge níveis realmente
estratosféricos – assim como o valor das campanhas. Basta lembrar
alguns cases de sucesso. “São
Paulo é Paulo porque Paulo é trabalhador”. “Lula lá”. “Ey,
Ey, Ey-Mael”. “Alô, alô, quatro, cinco, um.” Pronto, você já
sabe. Lembrou-se de cada candidato em uma foto sorridente, em um
terno impecável, mãos acenando vitoriosas. O jingle publicitário é
isso aí: tem justamente a função de emoldurar um retrato,
acompanhar uma imagem, engrandecendo virtudes e ajudando até a
esquecer defeitos.
No ramo do marketing,
costuma-se dizer que propaganda não vende mercadoria ruim, porque
não há produto que resista ao teste máximo de qualidade: o teste
do consumidor. No ramo da política, o uso do marketing para maquiar
um “candidato ruim” tem conseqüências mais graves. Depois de
votado, o produto (ops, o candidato) só pode ser devolvido quatro
anos depois. Portanto, ele dura sim, resiste aos mais diversos
escândalos, denúncias e intempéries políticas. Igualzinho a outro
case clássico da sabedoria
popular, o do vaso ruim que não quebra. E então, caro
eleitor, o que você vai fazer? Só restará esperar mesmo esperar as
kombis voltarem, quatro anos depois, e ouvir as novas musiquinhas que
tentarão, mais uma vez, embalar seu voto.
*texto publicado com cortes na revista Perfil Araraquara, março/2012
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